Reforma da Previdência

Em meio aos diversos protestos que ocorrem em relação à reforma da Previdência proposta pelo governo do presidente Michel Temer, o governante foi a público informar e pormenorizar as manifestações contrárias, afirmando que o impacto seria sentido pela população que recebe salários mais altos e que, infelizmente, segundo ele, a maior parte da população não sentiria tanto os efeitos porque receberia o salário mínimo. Como assim?

Segundo a proposta de reforma, só terá direito a aposentadoria integral, ou seja, todo proporcional ao valor contribuído ao longo da vida, quem se aposentar após 49 anos de trabalho e pagamento dos impostos previdenciários. A idade mínima para requerer o benefício será de 65 anos. Se a pessoa se aposentar nas condições atuais, após 25 e 30 anos de contribuição para mulheres e homens, respectivamente, somente terá direito a 76% do valor integral.

A fala do presidente se refere ao fato de que 63% da população brasileira vive com o recebimento de um salário mínimo, que é o mesmo valor mínimo de aposentadoria. Ou seja, se a pessoa que recebe um salário mínimo se aposentar aos 65 anos, mesmo sem ter contribuído por 49 anos, receberá 100% do valor, uma vez que não pode ser menor que o mínimo (parece lógico, mas pode ser complicado para alguns). O que o presidente afirmou não está estatisticamente errado, mas não deveria ser argumento de defesa, uma vez que somente confirma o frágil estado dos empregos no país. E mais, é o mesmo que esperar que esses trabalhadores não possam almejar uma elevação salarial ao longo da vida. Se a qualificação e os salários desses 63% dos brasileiros melhorarem, o argumento de defesa do governo estará errado. Será que o presidente prefere estar certo ou a melhoria da vida dos brasileiros?

Uma outra mudança que envolve bastante a estatística que tanto amo foi o fim da diferença de idade de aposentadoria entre homens e mulheres. Historicamente, as mulheres se aposentavam em média 5 anos antes dos homens. Muitos contestavam essa diferença utilizando argumentos desde a maior expectativa de vida feminina, o que é verdade (embora seja resultado de um conjunto de fatores que não envolvem o trabalho), e a busca por igualdade plena por movimentos feministas. Porém, há uma grande diferença que precisaria ser reduzida antes de haver a igualdade nas idades de aposentadoria.

Politicas públicas são muito baseadas em estatísticas (estão vendo a importância delas?) e essas mesmas mostram que há grandes diferenças no número de horas dedicas a trabalhos extraprofissionais, em casa ou com os filhos. É uma média, lembre-se! Não interessa aqui se o seu pai ou irmão faz bem mais afazeres domésticos que sua mãe ou irmã. Os números indicam que mesmo que homens e mulheres possuam a mesma jornada de trabalho de 40 horas, os homens ainda dedicam 4,29 horas por semana às atividades domésticas, enquanto as mulheres dedicam 15 horas por semana às mesmas atividades. É uma média, já que mulheres sem filhos dedicam 11,8 horas (mostrando a profundidade da diferença de gênero) e as com um filho dedicam 16,6 horas. Se tiver mais de um descendente, a dedicação feminina passa a 18 horas semanais. Ou seja, as mulheres trabalham mais que os homens. Por que? Por estruturas machistas da sociedade. Portanto, a forma que os homens têm de contestar a diferença que existe deveria ser tomando para si mais a responsabilidade das atividades domésticas. Deveria. A diferença de idade de aposentadoria acabou bem antes da redução da diferença dos trabalhos extraprofissionais, justamente em um governo com todos os ministérios chefiados por homens. Coincidência?

Maximiliana “Maxi” Esploro

Sempre adorei entender o porquê das coisas, especialmente quando se tratava de uma realidade social. Por que existem países mais pobres do que outros? Por que as pessoas preferem viver em cidades do que no campo? Por que é tão importante o crescimento do PIB? São perguntas que eu fiz quando tinha 12 anos e esse comportamento só foi se intensificando com o tempo. Costumo passar 8 horas por dia pesquisando dados na internet, para compreender melhor o mundo. Gosto de fazer pesquisas off-line também. Promovo questionários na vizinhança, e até no meu núcleo familiar, para gerar informações e conhecimento com elas. Curso Economia e pretendo utilizar esses conhecimentos para criar uma nova “sabedoria”, que utilize os milhões de dados disponíveis ou captados para melhorar a compreensão e as tomadas de decisão, e, assim, melhorar a qualidade de vida das pessoas. Chamo isso de Estatística e Conhecimento. Vou aproveitar esse espaço aqui, no Galera Cult, para compartilhar várias descobertas que fiz nas minhas pesquisas.